Série de TV ou Jornada do Herói? Como as Maratonas de Streaming Ativam Nossos Arquétipos

O que Jung diria sobre esses personagens que marcam nossa vida?

Assistir a uma maratona de streaming é quase um ritual contemporâneo. A cada “próximo episódio”, nos vemos imersos em histórias que nos tocam de diferentes maneiras. Mas você já parou para pensar que a paixão por uma série — e até a obsessão por continuar vendo “só mais um capítulo” — pode ter raízes mais profundas na nossa psique? Para a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, cada personagem pode refletir aspectos internos que tentamos integrar ou reprimir. Nesta leitura, vamos conectar essas histórias à famosa Jornada do Herói e descobrir como isso influencia o nosso autoconhecimento.


Por que personagens de séries nos cativam tanto?

Nosso apego a séries não se explica apenas por bons roteiros ou fotografia impecável. Segundo Jung, há no inconsciente coletivo um repertório de imagens universais, os chamados arquétipos. Quando uma história acerta no ponto, ela desperta em nós alguma experiência emocional antiga, uma tensão não resolvida ou um desejo profundo. É como se o roteiro e os personagens agissem como “espelhos” de nossas vivências internas.

Arquétipos em ação

  • O Herói: Somos atraídos pela coragem de quem enfrenta desafios e injustiças, pois isso evoca nossa própria luta interna por superação.
  • O Sábio: Aquele mentor cheio de conselhos costuma mexer com a parte de nós que deseja compreender o mundo de modo mais profundo.
  • O Rebelde: Personagem que se revolta contra o sistema. Ele costuma dialogar com nossa Sombra, representando impulsos inconformados que, às vezes, reprimimos na vida real.

Esses são apenas alguns exemplos; há muitos arquétipos possíveis, e a beleza de cada série é justamente combinar e atualizar essas imagens em novos enredos.


A maratona como “rito de passagem”

A Jornada do Herói, descrita por Joseph Campbell e relacionada às ideias de Jung, inclui estágios como “chamado à aventura”, “provação” e “retorno transformado”. Quando assistimos a uma temporada inteira, praticamente vivemos junto com o protagonista cada passo desse trajeto. E não é raro que, ao final, experimentemos nós mesmos um misto de triunfo e saudade — como se tivéssemos concluído um pequeno rito.

A força da maratona

  • Imersão total: A sucessão de episódios sem pausa permite que nos relacionemos intensamente com os conflitos e as conquistas do herói.
  • Processo inconsciente: À medida que empatizamos, projetamos em personagens algumas das nossas próprias aspirações, medos e desejos de mudança.

Dicas práticas para reconhecer projeções e obter insights pessoais

  1. Anote momentos de maior emoção: Quando determinado episódio ou cena provoca choro, riso ou revolta, pergunte-se: “Por que isso me toca tanto?”
  2. Identifique seu “time de personagens”: Quais figuras despertam admiração ou irritação? O herói, o mentor, o rebelde, a vítima, o vilão? Muitas vezes, nossa reação a cada um deles revela como lidamos com aspectos semelhantes em nós.
  3. Crie uma ‘síntese da temporada’: Ao terminar a temporada, escreva brevemente: “Qual foi o grande dilema do(a) protagonista e como ele foi solucionado?”. Em seguida, busque paralelos com a sua própria vida — por exemplo, um desafio profissional ou relacional que você está enfrentando.

Dica extra: Que tal conferir outro artigo que relaciona Cultura Pop e Psicologia Analítica? Dê uma olhada em Super Heróis: Os mitos do nosso tempo — parte 3, onde aprofundo essa discussão sobre a presença dos arquétipos em histórias de super-heróis.


Quando a série acaba… e agora?

A “ressaca” pós-maratona não é só falta do que assistir. Muitas vezes, reflete a necessidade de processar o que sentimos. Assim como nas grandes narrativas mitológicas, há um momento de integração, em que o herói (você, no caso) precisa assimilar as transformações. Se nos permitirmos um espaço de reflexão, poderemos descobrir que algo na nossa perspectiva mudou — talvez uma nova coragem para enfrentar problemas ou uma vontade de buscar relações diferentes, mais autênticas.

Leitura recomendada: Caso queira entender melhor como a cultura pop influencia nossa psique, confira o texto Sobre Super-Heróis e Psicologia, que aprofunda como arquétipos heroicos podem inspirar mudanças no nosso dia a dia.


Conclusão: seu “episódio” pessoal continua

A Psicologia Analítica nos ensina que histórias não são apenas entretenimento; elas podem despertar memórias, medos e esperanças que moram no inconsciente. Cada série, então, torna-se uma oportunidade para dialogar com nossos processos internos. Se o final de temporada deixou aquele vazio ou vontade de rever tudo, aproveite para questionar o que ali repercute na sua jornada: qual a próxima aventura que sua psique está te chamando a viver?

E você, já parou para pensar em qual arquétipo mais mexe com você durante essas maratonas? Compartilhe nos comentários ou mande uma mensagem contando sua experiência!


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Venha descobrir como Jung e as narrativas contemporâneas podem iluminar (e muito!) a sua busca por significado.