Nos últimos anos, as apostas online e os jogos de azar têm se tornado cada vez mais acessíveis, impactando milhares de pessoas ao redor do mundo. Apesar de ser visto como uma forma de entretenimento, o vício em apostas pode causar sérios problemas psicológicos, incluindo depressão, ansiedade e, em casos extremos, ideação suicida. Este artigo explora a conexão entre o vício em jogos de azar e pensamentos suicidas, destacando os sinais de alerta e como é possível prevenir esses casos devastadores.

O Aumento do Vício em Apostas e Seus Efeitos Psicossociais
A globalização do mercado de apostas online facilitou o acesso a diversos tipos de jogos, desde cassinos virtuais até apostas esportivas. Esse fenômeno cresceu exponencialmente durante a pandemia de COVID-19, quando muitas pessoas, isoladas em casa, buscaram refúgio e distração nas apostas online. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício em jogos de azar é considerado um transtorno de saúde mental, com consequências sérias para a vida do indivíduo e daqueles ao seu redor.
Os efeitos desse vício vão muito além da perda financeira. Muitos jogadores compulsivos passam a experimentar um ciclo de auto-sabotagem, onde continuam a apostar para tentar recuperar o dinheiro perdido, afundando-se ainda mais em dívidas. Isso causa um profundo impacto na autoestima e gera sentimentos de desespero, vergonha e fracasso, muitas vezes levando à depressão. A combinação desses fatores torna a ideação suicida uma realidade comum entre jogadores viciados.
O Ciclo Vicioso: Dopamina, Apostas e Saúde Mental
O ato de apostar aciona o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. No entanto, quando uma pessoa aposta repetidamente, o cérebro passa a exigir doses maiores de dopamina para sentir o mesmo nível de satisfação. Esse fenômeno faz com que o jogador continue apostando compulsivamente, mesmo que esteja perdendo. O problema é que, ao contrário de outros vícios, como o uso de substâncias, as apostas não proporcionam uma gratificação imediata constante. Na maioria das vezes, o jogador perde, o que contribui para aumentar o estresse e a ansiedade.
Um estudo publicado pelo Journal of Gambling Studies em 2021 revelou que jogadores problemáticos têm uma chance 15 vezes maior de desenvolver ideação suicida do que a população em geral. A pressão financeira, o isolamento social e o estresse mental podem levar o indivíduo a acreditar que não há saída, aumentando o risco de tentativas de suicídio.

Sinais de Alerta: Como Reconhecer o Vício em Apostas e o Risco de Suicídio
Identificar o vício em apostas nem sempre é simples, pois muitas pessoas tentam esconder o problema devido à vergonha ou medo do estigma. No entanto, há alguns sinais de alerta comuns que podem indicar que alguém está em risco, como:
- Aumento do tempo gasto jogando: Se a pessoa passa cada vez mais tempo apostando e negligencia outras responsabilidades, isso pode ser um sinal de problema.
- Empréstimos e dívidas: Jogadores viciados frequentemente recorrem a empréstimos, vendem bens ou pedem dinheiro emprestado para continuar apostando.
- Mentiras e sigilo: Para evitar confrontos, o jogador pode começar a mentir sobre quanto tempo ou dinheiro está gastando nas apostas.
- Mudanças de humor: Irritabilidade, frustração e depressão são comuns, especialmente após grandes perdas.
- Isolamento: O distanciamento de amigos e familiares é frequente, pois o jogador se sente envergonhado ou teme ser julgado.
Além disso, pessoas que demonstram pensamentos de desesperança ou que falam abertamente sobre o suicídio precisam de atenção imediata. Segundo o National Council on Problem Gambling, nos Estados Unidos, entre 18% e 30% das pessoas com vício em jogos de azar têm pensamentos suicidas em algum momento.
O Impacto nas Relações e na Vida Social
O vício em apostas não afeta apenas o jogador, mas também suas relações familiares, sociais e profissionais. O distanciamento emocional, combinado com o medo e o estresse financeiro, pode criar um ambiente de conflito dentro de casa. Muitos casamentos e relacionamentos acabam terminando devido ao impacto negativo das apostas.
Em termos sociais, o jogador muitas vezes se isola por vergonha ou para evitar o confronto com amigos e familiares. Isso pode aumentar a sensação de solidão, agravando problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Esse ciclo contínuo pode levar o indivíduo a acreditar que a única saída para suas dificuldades é o suicídio.

O Papel da Prevenção: Como Ajudar Alguém em Risco
A prevenção é a chave para evitar que o vício em apostas leve a situações extremas, como a ideação suicida. A primeira etapa é reconhecer o problema e buscar ajuda o mais cedo possível. Existem várias maneiras de apoiar alguém que está lutando contra o vício em jogos de azar:
- Converse abertamente: Incentive a pessoa a falar sobre o problema sem julgamentos.
- Busque ajuda profissional: Ela ajuda a pessoa a identificar os gatilhos e a desenvolver estratégias para evitar o comportamento compulsivo.
- Sugira grupos de apoio: Existem grupos de apoio específicos para jogadores viciados, como os Jogadores Anônimos, que oferecem um espaço seguro para compartilhar experiências e buscar recuperação.
- Limite o acesso ao dinheiro: Se possível, ajude o jogador a criar barreiras para o acesso fácil ao dinheiro, como fechar contas de apostas e reduzir o limite de crédito.
Além disso, é fundamental que o jogador entenda que o vício em apostas é uma doença tratável, e que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas um passo importante para a recuperação.
Considerações Finais
O vício em apostas é um problema complexo que vai além da perda financeira. Seu impacto na saúde mental pode ser devastador, levando a casos graves de depressão e ideação suicida. Com o aumento do acesso às apostas online, é essencial que tanto os jogadores quanto seus familiares fiquem atentos aos sinais de alerta e saibam que existem formas eficazes de tratamento e prevenção.
Se você ou alguém que conhece está enfrentando esse problema, não hesite em buscar ajuda. Serviços como o Centro de Valorização da Vida (CVV) no Brasil estão disponíveis 24 horas por dia, proporcionando apoio emocional e prevenindo o suicídio.